terça-feira, 15 de novembro de 2016

Como conseguir auxílio financeiro para minha pesquisa? 4 opções para a área de Biodiversidade e Biologia

Como estudantes/pesquisadores uma das coisas mais importantes em nossas carreiras é o financiamento de nossas pesquisas. Claro, muito do que é feito, no nível de pós-graduação, depende em grande parte da capacidade de geração de grana dos nossos orientadores, programas de pós-graduação e mesmo das universidades/centro de pesquisa em que trabalhamos.

Entretanto existem algumas fontes de financiamento e agências de fomento que dependem mais das nossas capacidades e esforços do que de qualquer outra pessoa. Obviamente ter um bom currículo, com publicações e atividades diversas relacionadas a nossa área de atuação é muito importante.

Mal sabem os orientadores que só vemos eles como nossa fonte de renda!

Given that, eu fiz uma lista de potenciais agências de fomento para estudantes/pesquisadores da área de Ciências Biológicas. Espero que elas sejam tão úteis para vocês quanto algumas delas foram para mim.

1.  Idea Wild Project - O Idea Wild Project ajuda pesquisadores na área de biodiversidade na compra de equipamentos e insumos para pesquisas de campo e laboratório no valor de até $1,500.

http://www.ideawild.org/

2. Ernst Mayr Travel Grant - Este grant, no valor de até $1,500, ajuda pesquisadores que fazem pesquisa na área de biodiversidade, especialmente em museus de história natural e coleções, a cobrirem os gastos de viagem para suas viagens de campo.

http://www.mcz.harvard.edu/grants_and_funding/ernst-mayr-travel.html

3. National Science Foundation - Este seria o equivalente ao CNPq do Brasil, mas nos Estados Unidos. Valores de grants variáveis. É bastante concorrido, mas muitas bolsas e auxílios são fornecidos por lá, vale a pena dar uma olhada e ver se acha algo. Com alguma frequência editais específicos são postados por lá.

https://www.nsf.gov/funding/

4. Entomological Society of America - Se você, assim como eu, tem a grande sorte de ser um entomólogo, a ESA tem oportunidades de grants e auxílios para todos os tipos de pesquisas, tanto aplicadas quanto básicas, desde que relacionadas a pesquisa entomológica, i.e., estudo dos insetos. Para concorrer a estes grants, na maioria dos casos é preciso ser associado da ESA, o que na minha opinião é uma grande deal, pois trata-se de uma das maiores sociedades científicas existentes.

http://www.entsoc.org/Students/student_awards

Mesmo que nenhuma das listas citadas acima sejam aplicadas a sua área de pesquisa uma grande dica é procurar em sociedades específicas da sua área de atuação. Na maioria destas sociedades, senão todas, há sempre um apoio para estudantes e novos profissionais.


E aí, gostaram da lista? Espero que sim! Se tiverem dúvidas ou sugestões deixem um comentário ai embaixo! Aproveitem e dêem uma olhada no meu novo canal no Youtube aqui.

Para alunos de pós-graduação ou interessados em conseguir uma bolsa no exterior este vídeo aqui pode ser do seu interesse.

Inté a próxima!

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Relatório de atividades para o CNPq desvendado para aqueles que não tem ideia do que isso seja

Fala pessoal,

A ausência é grande por conta do doutorado, mil artigos, tretas e coisas para fazer, mas, depois de meses volto a escrever para vocês sobre um assunto que traz medo a muita gente: relatórios de pesquisa. Muitos de vocês, assim como eu, já estão na época de enviar o (no meu caso o primeiro) relatório anual de atividades do CNPq, e ficamos um pouco apreensivos. Como todos sabemos, o CNPq não possui um modelo nem diretrizes de como este relatório deve ser.

Depois de procurar em vários fóruns de grupos do Facebook, conversas com colegas e em inspirações diversas eu elaborei um modelo de relatório, que uma vez modificado pode ser utilizado por vocês. Após saudáveis discussões com outros bolsistas meio que chegou-se em um senso de que faz muito sentido enviar o relatório em inglês, uma vez esta é considerada a língua oficial da ciência. Alguns bolsistas sugeriram elaborar o relatório em inglês e em português. Particularmente acho uma perda de tempo, mas mal não vai fazer.

Pós-graduação é isso!

Chega de falação e vamos ao que interessa!

Itens do relatório

Folha de rosto: contendo seu nome completo, número de processo do CNPq, seu email, cidade, localidade e ano

Introdução: Contendo as informações sobre o que você irá apresentar bem como um breve 'recall' sobre o seu projeto e o que você propôs fazer.

Resultados: A parte mais importante do relatório. É aqui onde você explica detalhadamente o que foi realizado no seu ano letivo. No meu caso, minha vigência começou em Janeiro/2016, e optei por fazer tópicos para cada semestre, um para o Spring semester (Janeiro a Maio), um para o Summer semester (Junho a Agosto) e um para o Fall semester (Setembro a Dezembro). Informei quais treinamentos participei, quais disciplinas cursei, e outras atividades menores, citando os pormenores de cada semestre, como número de créditos cursados, nomes de disciplinas e outras informações relevantes.

Em dois tópicos separados apresentei publicações científicas e atividades peer review, onde informei o número de artigos publicados, números de manuscritos finalizados, artigos em andamento e atividades como revisor de periódicos científicos. Pra facilitar e deixar a vida mais fácil elaborei tabela um dos itens acima.

Em dois últimos tópicos eu criei a categoria prêmios e gratificações, onde apresento os prêmios financeiros, menções honrosas, etc, e a categoria de sociedades científicas e linhas e grupos de pesquisa, onde informo de quais grupos e sociedades faço parte.

Atividades para o próximo ano letivo: Embora eles peçam para enviar as atividades do ano letivo em um documento a parte, considero esta seção como a conclusão do relatório. Obviamente, por precaução, enviarei esta seção em um documento a parte exatamente como eles pedem, just in case. Nesta seção, de forma resumida, informo quais disciplinas e quais grandes atividades irei realizar no ano letivo. Ao final, apresento uma tabela com informações mês a mês sobre o que irei fazer, viagens planejadas, grants que pretendo submeter, e outras informações relevantes para uma boa avaliação do seu PhD ou Masters.

Aqui você pode fazer o download de um modelo pré-pronto baseado no meu relatório.

Se gostaram, curtiram ou acharam que este post foi útil deixem um comentário e divulguem em grupos de estudantes e nas redes sociais.

Valeu e até a próxima (prometo escrever mais regularmente)!

Inté!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Como utilizar a taxa de bancada e verba de pesquisa de campo no doutorado no exterior do CNPq?


Olá pessoal,

Hoje o meu texto é voltado para bolsistas do CNPq no exterior. Assim como muitos de vocês tenho tido várias dúvidas de como os processos no CNPq sobre pagamento de verbas de taxas de bancada e pesquisa de campo, e depois de entrar em contato com várias pessoas consegui algumas informações que podem ser úteis para todos.

Basicamente as informações referentes a estes assuntos estão contidas na RN029/2012.

Vamos lá, por partes!

Taxa de bancada

A definição de caixa de bancada pela própria regra na RN029 é vaga e pouco esclarecedora:

5.7.1 - As taxas de Bancada, quando aplicável, destinam-se a custear as despesas exigidas pela instituição, para a realização das atividades de pesquisa científica e/ou tecnológica pelo bolsista de doutorado sanduíche ou de doutorado pleno. Os valores deverão obrigatoriamente ser informados pelo candidato no formulário de submissão de propostas. 

Ou seja, para nós, bolsistas de doutorado no exterior, a taxa de bancada só pode ser utilizada em circunstâncias específicas. Primeiro, para ter direito a esse benefício ela deve ter sido incluída na proposta original, aquela que fizemos na plataforma Carlos Chagas no início do processo seletivo. Uma vez que tenhamos colocado esse valor na proposta original o acesso a este benefício só pode ser feito por meio da emissão de um documento bancário (aka boleta bancária) da universidade para o CNPq, endereçada ao SEBPE <sebpe@cnpq.br>, para que o dinheiro da taxa de bancada seja então depositado na conta da sua instituição e que você ou o seu orientador, laboratório, whatever possa finalmente usar este dinheiro.

A grande dúvida que resta é: como e com o que podemos utilizar este dinheiro? Novamente, a regra é pouca clara e após contato telefônico com o responsável pelas taxas de bancada de alunos de doutorado no exterior obtive a informação com o funcionário Renato (não lembro o sobrenome) de que o processo todo é muito subjetivo. No geral, o dinheiro é utilizado para compra de insumos de laboratório, mas que em alguns casos eles pagam por passagens aéreas, inscrições de congressos, equipamentos diversos, mas tudo dependia da aprovação do comitê no qual você está inserido.

Minha sugestão para evitar problemas é simples: as universidades podem simplesmente emitir o boleto com o valor total da taxa de bancada e enviar para o SEBPE e você então pode utilizar o valor sem ter de se reportar a ninguém, isso tudo é claro, se a sua universidade aceitar fazer este tipo de acordo, o que é bastante comum, uma vez que diminui a burocracia para a utilização desta verba.

Pesquisa de campo

Quando se trata de pesquisa de campo é um pouco mais simples, as informações estão bem claras na mesma RN029. Basicamente, assim como a taxa de bancada, as pesquisas de campo precisam ter sido aprovadas no projeto inicial (embora exceções possam ser feitas e casos não previstos na proposta original). Vale ressaltar que o CNPq só paga os valores das passagens aéreas, ou seja, acomodações e outros tipos de viagens não são financiados pelo CNPq, temos que tirar da nossa bolsa. Segue a norma:

9.4. Benefícios
a) Auxílio-Deslocamento conforme plano de trabalho aprovado.
b) Mensalidade:
             I.    pesquisa de campo com duração  de até 3 (três) meses: manutenção do pagamento da mensalidade da bolsa concedida.
             II.    pesquisa de campo com duração superior a 3 (três) meses: pagamento da mensalidade equivalente à bolsa de doutorado no país em que será realizada a pesquisa de campo.
NOTA: Não há benefício a dependentes.
Espero que estas informações tenham sido úteis para vocês assim como foi para mim!
Até a próxima!




  

domingo, 27 de dezembro de 2015

Itens essenciais a se levar antes da viagem!

Bom, depois de muita sofrência, trabalho e dor de cabeça, finalmente chegou a hora de embarcar para o exterior e levar as malas, dinheiro e tudo mais e finalmente começar a se preocupar com o doutorado (ou quase isso, já que chegando aqui mil coisas ainda precisaram ser consideradas). Por conta disso, eu fiz essa checklist de coisas para se fazer antes de viajar, o que pode fazer com que você, que está indo morar ou estudar fora, economize bastante dinheiro.

A imagem das lindas montanhas de Bozeman, vista da nossa casa! Imagem não relacionada com o post, só quis colocar aqui! :)

Itens para se levar antes antes de viajar!

Alguns itens são básicos, mas é sempre bom relembrar:

1) Dinheiro - Nestes últimos meses, como o real está em baixa, evite deixar para comprar todo o dinheiro de uma vez só. Acompanhe sempre duas ou mais agências de câmbio e veja quando a moeda do lugar que você irá estará em baixa e vá comprando aos poucos. Levar dinheiro em papel moeda faz com que você evite pagar a taxa de 6,38% do IOF (a taxa do IOF para o papel moeda é de 0,38%), por outro lado, usar um cartão do tipo travel money, onde os 6,38% são cobrados, é relativamente mais seguro caso você seja roubado ou perca o cartão, dicas super legais podem ser encontradas aqui . Além disso, cada país exige que se tenha uma quantidade mínima de dinheiro por dia, portanto, é bom pesquisar isso também.

2) Seguro-saúde e seguro viagem - Quem foi aprovado para o Ciência Sem Fronteiras obrigatoriamente precisa contratar um seguro-saúde, afinal eles dão dinheiro para isso. Na maioria dos seguros saúde/viagem estão inclusos emergências médicas para o segurado, auxílio para familiares em caso de sinistro, auxílio financeiro em caso de roubo além de outras assistências, como uma compensação financeira em caso de extravio de malas ou demais problemas com o vôo. Nas minhas viagens internacionais nunca precisei usar mas sei que é algo essencial. Recentemente, meu orientador, que é Americano, viajou para a Argentina e quebrou a perna além de ter seu passaporte e dinheiro roubados. Só para refazer um novo passaporte, apenas em passagens aéreas ele gastou $2.000, fora outras despesas. Se ele tivesse um seguro viagem certamente os gastos seriam muito menores, e em alguns casos ele poderia ter o reembolso e auxílio em todas as situações. O meu seguro e o da minha mulher é da Assist Card, que saiu por um preço bastante razoável. A principal diferença entre os planos se refere aos valores de cobertura (por exemplo, para vir aos USA é preciso ter um seguro, se não me engano de $100.000, e existem planos de $50.000, $250.000, etc).

3) Visto e documentos em ordem - Parece óbvio, mas ouvi histórias de pessoas que foram impedidas de entrar no país pois não tinham a documentação necessária para estar lá. Certifique-se de levar todos os documentos, passaporte, visto e demais papéis que a imigração do país possa pedir. Alguns lugares podem pedir carteira de vacinação (nunca ouvi uma história sequer em que pediram, mas como estrangeiro é sempre melhor prevenir do que remediar) e outros documentos. Ao chegarmos na Universidade minha esposa teve que tomar novamente uma vacina que ela tomou antes do tempo no Brasil e o valor foi de $81, uma vacina que no Brasil é de graça na rede pública. Além disso, é sempre bom deixar a situação financeira ajustada no banco (inclusive avisando a eles que você estará fora, aumentando limites, etc) bem como deixar alguma pessoa no Brasil como sua responsável legal.

4) Roupas adequadas - Novamente, parece óbvio e desimportante, mas não é. Viemos para uma cidade onde o inverno chega a -20ºC e mesmo as roupas mais quentes do inverno de São Paulo podem ser consideradas fichinhas. Procure dicas na internet, com colegas ou mesmo com o orientador ou universidade sobre os tipos de roupas que você deve usar. Uma dica importante para guardar dinheiro é procurar por lojas de coisas usadas, nos US chamadas de thrift stores. Você vai encontrar casacos, roupas, calçados e luvas além de vários objetos para a casa super úteis. É claro, nem tudo é legal neste tipo de loja, mas muita coisa é bacana e dá pra salvar.

Um urso taxidermizado (= empalhado) a venda em uma thrift store em Bozeman, a Nu2u.

Ok! Obrigado pela atenção e aqui vai uma batata pelo post tão longo! Até a próxima!

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O besouro que mudou a história da entomologia no Brasil

Quando comecei a frequentar o Museu de Zoologia, em meados de 2008, eu era muito mais rookie do que sou hoje. Como todo iniciante, queria abraçar o mundo todo da entomologia, e tinha a doce e inocente ilusão de que seria capaz de saber tudo o que há para saber sobre insetos, principalmente sobre besouros, o que é claro, foi um sonho prontamente quebrado no momento em que comecei a frequentar o laboratório do grande e saudoso mestre, Ubirajara Ribeiro Martins.
Psygmatocerus wagleri Perty, 1838 - O Cerambycidae que mudou a história da entomologia no Brasil. 
O Bira, como era carinhosamente chamado, era um senhor já, com seus 70 e poucos anos, alto, de ombros largos, levemente curvado e com um bigode marcante. Faziam poucos meses que eu estava trabalhando como monitor de exposições no MZ e aproveitei para conversar com ele, por e-mail, pedindo para ser seu estagiário e começar a frequentar seu laboratório. Ele me chamou pra uma entrevista no laboratório e combinamos de fazer o estágio três vezes na semana, segundas, quartas e sextas. 

Pra minha enorme surpresa, foi a melhor coisa profissional que aconteceu na minha vida. Eu, vindo de uma pequena universidade particular, não tinha as mesmas oportunidades de outros estudantes de grandes universidades, onde existem laboratórios de pesquisa, grandes bibliotecas e uma prática científica propriamente dita, e poder estar ali, aprendendo com um dos maiores especialistas em besouros do mundo era uma honra para poucos. 

O Bira me dava aulas particulares de elementos essenciais de taxonomia, biogeografia, literatura zoológica, sistemática e claro: entomologia. As aulas eram realmente particulares, lembro que ele falava 'Senta aqui rapaz, pega um rascunho ai', e as aulas maravilhosas começavam, com o cara me ensinando como se eu fosse uma criança, com toda a disposição do mundo, sem se enfezar ou se irritar, sempre de bom humor e disposto a ajudar, e olha que eu não parava de perguntar. Mesmo sendo especialista em Cerambycidae, o Bira nunca me incentivou a trabalhar com estes bichos, acho que ele sabia que já tinha gente demais trabalhando no grupo. Realmente, foi um grande mestre, o qual eu sempre terei um grande carinho e consideração. Fui seu aluno de 2008 a 2012, quando entrei na pós-graduação do MZ sob orientação da também grande professora, Cleide Costa.
Eu e o mestre Bira, em Maio de 2012. Aquela lupa ali, por mais velha que fosse, era a predileta dele, e sob suas lentes mais de 2 mil espécies de besouros foram descritas.
Uma das coisas mais legais eram os passeios pela coleção e pela biblioteca. Cada família nova que eu aprendia a identificar ele me levava a seção da coleção para contemplar as espécies, cada dúvida que tínhamos íamos a biblioteca conferir as publicações originais, muitas vezes na seção de livros raros, literatura do Fabricius, Linnaeus, Latreille, Gorham, era realmente um grande prazer (obrigado, Dione Seripierri, sem você isso também não seria possível!). 

Um dia, enquanto ele me apresentava a coleção de Cerambycidae (minhas paixões eram os Callichromatinae) ele me mostrou o bicho que mudou a vida dele (e consequentemente a de centenas de entomólogos e sistematas): Psygmatocerus wagleri Perty, 1828. O Bira, que na época era estudante de Agronomia em Viçosa, Minas Gerais, diz que certa noite, enquanto estudava, aquele bicho lindo entrou pela janela e o encantou, e foi este mesmo bicho que o levou a procurar o professor de Zoologia dele e a seguir na carreira de entomologia.

O Bira, que nasceu em 08 de Julho de 1932, faleceu em 26 de maio de 2015. Ele, que atuava no Museu de Zoologia desde 1959, foi um dos maiores coleopteristas do Brasil e do mundo, sendo autoridade mundial no estudo dos Cerambycidae Neotropicais. Descreveu mais de 2000 espécies e foi muito importante na disseminação da taxonomia e sistemática no Brasil, ministrando cursos em várias universidades, auxiliando na criação de sociedades científicas, na elaboração de políticas públicas, além de claro, ser meu professor. Será sempre lembrando por nós, pelo trabalho, e pela personalidade brilhante e brincalhona.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Como tirar um visto J-1 (e J-2) para os Estados Unidos (CsF)? Fácil, fácil aqui!





Depois de algumas semanas desde o início do processo de solicitação do visto de estudante Norte-Americano vou compartilhar com vocês o passo-a-passo aqui! Vamos lá?

Lembrando que as dicas e informações que vou passar aqui são para o visto tipo J-1, para outros tipos de vistos vocês podem encontrar informações no site da embaixada americana e pela internet afora.

O visto!

Em primeiro lugar é importante saber que a escolha do tipo de visto depende da instituição de ensino e não do solicitante, ou seja, não adianta você querer ter um visto J-1 se a sua instituição designou para você um visto F-1, ok?

As vantagens do visto J-1 em relação aos outros vistos basicamente é que ele permite que os dependentes, que são os vistos J-2 (cônjuges e filhos), podem tentar obter autorização para estudar e trabalhar durante o período de estadia do portador do visto J-1 (mais pra frente, em outro post, escreverei sobre como conseguir autorização para os dependentes trabalharem).

Muito bem, após a instituição de ensino te informar qual tipo de vista foi designado para você eles lhe enviarão o formulário correspondente via Fedex, no caso do visto J-1, o formulário é o  DS-2019

Formulário DS-2019.
O formulário DS-2019 é um documento importante e você vai precisar dele em várias etapas do processo do visto de estudante. Como na figura abaixo, você encontrará no formulário algumas informações importantes, dentre elas o código de identificação SEVIS (as instituições geralmente enviam por e-mail o código antes de enviarem o documento por FEDEX). Este é um código importante pois você irá precisar dele para pagar a taxa SEVIS, neste site aqui. Esta singela taxa é no valor de $180, ou no câmbio de hoje, algo em torno de R$720,00, então prepare seu cartão de crédito ou peça para um amiguinho ou o papai ou pague via banco (opção está que eu não tenho a menor ideia de como fazer). Após o pagamento você receberá um e-mail informando que a taxa foi paga e um documento pdf que será importante que você leve no dia da sua entrevista no consulado.

Depois de pago a taxa SEVIS você precisará preencher o formulário DS-160, que é um formulário padrão para todos os requerentes de vistos para os USA (link para ele aqui!), e que custa $160 (eles dão a opção de pagamento com boleto bancário em reais!).

Então, pra resumir a história, as coisas funcionam na seguinte ordem:
  • Receber o formulário DS-2019 da instituição de destino junto com o código de identificação SEVIS 
  • Pagar a taxa SEVIS aqui
  • Preencher e pagar o formulário DS-160 aqui
  • Agendar a entrevista no consulado Norte Americano mais próximo de você aqui
  • Ser aprovado e comemorar loucamente!
Ai você me pergunta: 'Pô cara, você não falou nada dos vistos J-2, como é que eles funcionam?'

Muito simples (e não sei como não está em nenhum lugar): junto com o formulário SEVIS dos requerentes do visto J-1 virão também um idêntico marcado como J-2, com os dados do dependente, incluindo um código próprio de identificação SEVIS. Uma coisa boa é que os dependentes não precisam pagar a taxa SEVIS, então o dependente só vai precisar do número de identificação SEVIS para preencher o formulário DS-160, simples assim! 

Isso feito, boa entrevista e tentem não ficarem tão estressados, afinal, quase sempre dá tudo certo! O cônsul que me atendeu foi bem simpático, perguntou o que eu ia fazer (eu estudo besouros) e quis saber até se os besouros eram geneticamente similares! Cara bem interessado! ;)

Como sempre, quaisquer dúvidas, entrem em contato por e-mail no vinicius.sfb@gmail.com ou por aqui mesmo!

Espero ter sido útil para vocês!

Tchau!


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Como conseguir uma bolsa de Doutorado pelo Ciência Sem Fronteiras? - Um guia (quase) completo

Aproveitando minha ociosidade neste período de entressafras de um trabalho para outro resolvi reativar este velho blog e já me preparar para o longo período de inverno em Winterfell Bozeman, Montana, USA, a cidade onde farei meu Doutorado no Exterior.

Uma bela visão de Bozeman.

Vendo a dificuldade e curiosidade de vários amigos e pessoas resolvi (como inúmeras outras pessoas também resolveram) dar o meu relato de como consegui ser selecionado para a bolsa de Doutorado e elaborar um textículo sobre isso.

O mais importante de tudo (e o que as pessoas mais tem dificuldade em saber) para conseguir entrar na pós-graduação é saber o que se quer fazer, isto é, saber qual área de estudo você quer seguir, isto decidido tudo fica mais fácil! Então, vamos para as partes práticas:

Depois de ter decidido qual área você quer se especializar, para você se candidatar e conseguir  uma bolsa de Doutorado no Exterior, os passos são os seguintes:

1) Ter um currículo Lattes sempre atualizado (se não tiver faça um aqui) (Depende apenas de você).

2) Procurar potenciais orientadores e entrar em contato com eles se apresentando, dizendo quem é você, quais são suas intenções e o que você tem em mente para o doutorado. Essa procura pode ser feita através de papers, nas revistas de interesse, nos sites das universidades ou mesmo jogando no Google ou Google Scholar (Depende apenas de você).

Exemplo de primeiro contato com o potencial orientador:


" Prezado Prof. (NOME DO ORIENTADOR)

Meu nome é (INSIRA SEU NOME) e sou formado na (NOME DA SUA UNIVERSIDADE) no curso de (NOME DO SEU CURSO) além de possuir um mestrado [CASO TENHA UM] na área de (SUA ÁREA DE ATUAÇÃO) pela (NOME DA SUA UNIVERSIDADE), onde defendi a dissertação [TÍTULO DA SUA DISSERTAÇÃO]. O motivo do meu contato é que tenho visto seus últimos trabalhos publicados e acompanhado sua trajetória profissional e gostaria de saber se existe a possibilidade de um contato pessoal para discutirmos sobre a possibilidade de um eventual doutorado sob sua orientação pelo Ciência Sem Fronteiras (EXPLIQUE AO ORIENTADOR O QUE É, COMO FUNCIONA, QUAIS OS BENEFÍCIOS PARA ELE E PARA VOCÊ). Tenho grande interesse em sua linha de pesquisa e acredito que seria de grande importância para minha formação ser orientado por você. Tenho experiência (RESSALTE SUAS EXPERIÊNCIAS E POTENCIAIS DIFERENCIAIS EM RELAÇÃO A OUTRAS PESSOAS OU DEMONSTRE SEU INTERESSE PELA ÁREA DE ESTUDO DO ORIENTADOR).

Desde já agradeço pela atenção e aguardo por seu retorno.

Atenciosamente,

SEU NOME"

Se a resposta for negativa (ou ele não responder) tente novamente ou com outra pessoa. Se a resposta foi positiva, parabéns, isso já é um grande passo. Vamos para o passo 3:

3)  Tenha em mente que tipo de projeto ou ideias você quer desenvolver e apresente um projeto de doutorado (aqui tem umas dicas de como fazer um) para o orientador (Depende de você e do seu orientador).

Após estes 3 primeiros passos, se você tiver um OK do orientador, parabéns! O mais difícil foi feito, então vamos para os próximos passos.

4) Após ter conseguido o OK do orientador (parabéns novamente, esta é realmente a parte mais difícil), você precisa ser aprovado no processo seletivo da Universidade. Cada Universidade é de um jeito, mas em geral você vai precisar dos seguintes itens (Depende de você, do orientador e da universidade):

  • Certificado de proficiência no idioma (isso depende do país, mas praticamente todas as universidades exigem o certificado do inglês, olhe aqui) (Só depende de você);
  • Documentos acadêmicos (diploma, históricos escolares e outros certificados que exigirem) traduzidos por um tradutor juramentado para o idioma solicitado pela universidade (geralmente inglês) bem como o projeto de doutorado (as vezes não pedem) (Só depende de você);
  • Preenchimento e pagamento das taxas administrativas da inscrição (se houver) (Só depende de você);
Universidades Norte Americanas e Canadenses costumam pedir o GRE ou o GMAT, que são testes de conhecimentos gerais e em alguns casos específicos, mas depende da universidade em que você estiver concorrendo (Só depende de você).

Depois disso tudo, se você conseguir a aprovação da Universidade você estará mais próximo ainda de conseguir uma bolsa, você terá em mãos a carta de aceite da universidade, que nada mais é do que um documento afirmando que você foi aceito por aquela instituição para cursar o doutorado

Pois bem, estamos quase lá. O próximo passo é o mais simples de todos, que é finalmente fazer a inscrição para o programa Ciência Sem Fronteiras.

5) Agora que você já conseguiu o aval do orientador, os comprovantes de proficiência no idioma e o documento da universidade atestando que você foi aceito suas chances de conseguir uma bolsa são muito grandes. Em primeiro lugar, entre no site do CsF e leia atentamente o edital do programa. As inscrições para o programa são feitas exclusivamente pelo CNPq, pelo site da Plataforma Carlos Chagas. Basicamente os documentos exigidos para a inscrição são (lembre-se sempre de ler o edital pois eles sempre mudam alguma coisa de um edital para o outro):

  • Carta de Aceite do orientador, informando que ele te aceita como aluno dele (Depende de você e do orientador);
  • Carta de Aceite da Universidade, informando que você foi aceito como aluno (Depende de vocêdo orientador e da universidade);
  • Certificado de proficiência no idioma exigido pela universidade e uma carta da instituição informando qual a nota mínima para você ser aceito por ela (Depende de você e da universidade);
  • Diploma e histórico escolar do último grau acadêmico (graduação ou mestrado) (Só depende de você);
  • Projeto de Doutorado (Só depende de você);

O edital mais recente pode ser encontrado aqui.

Etapas
Cronograma 1
Cronograma 2
Cronograma 3
Inscrição
 De 28 de setembro de 2015
a 18 de dezembro de 2015
 Até 22 de abril de 2016
 Até 19 de agosto de 2016
Julgamento
 Março / 2016
 Junho / 2016
 Outubro / 2016
Previsão de Resultados
 A partir de 29 de abril de 2016
 A partir de 12 de agosto de 2016
 A partir de 15 de dezembro de 2016
Início da vigência
 jul/ago/set/out de 2016
 nov/dez de 2016 e jan/fev de 2017
 mar/abr/mai/jun de 2017


Isso tudo feito agora é só esperar ansiosamente pelo resultado (ele nunca sai no prazo, geralmente atrasa de uma a duas semanas). Existem vários grupos no Facebook onde o pessoal discute e compartilha sobre todos os passos. Além da discussão, que por si só já é interessante, os grupos também servem como 'grupos de apoio', já que aquelas pessoas também estão ansiosas, com insônia e apreensivas sobre o resultado das bolsas. O clima de solidariedade é bastante bacana e você percebe que não é o único que não consegue se concentrar em mais nada nem dormir direito!

Os passos não são difíceis, mas são demorados e trabalhosos. O tempo mínimo que se gasta para a pré inscrição é no mínimo 6 fucking meses e um gasto de aproximadamente R$1.500 a R$2.500 para as traduções e demais documentos, além do prazo do julgamento, que são mais 4 meses então preparem seus bolsos e principalmente a paciência pois o processo todo pode levar até um ano!

Espero ter sido claro e poder ajudar vocês em alguma coisa! Qualquer dúvida que tiverem podem escrever por aqui ou me mandar por e-mail pelo vinicius.sfb@gmail.com !

Um abraço e até o próximo post!